É um sonho, até agora. Mas nunca esteve tão perto de se tornar realidade
A duplicação da BR 364, entre o Mato Grosso e Rondônia, vai mesmo ser realizada dessa vez ou será apenas mais uma daquelas conversas sem fim que, no final das contas, jamais se transformam em realidade? Os cerca de 725 quilômetros a serem duplicados (estão fora desse cálculo os perto de 30 quilômetros duplicados dentro de Porto Velho e um pequeno trecho em Ji-Paraná) parece que sim, agora entrarão mesmo num projeto de privatização, com leilões de trechos e implantação de pelo menos sete pedágios entre a Capital do Estado e o extremo sul, na saída de Vilhena. O processo está em andamento, com o Ministério da Infraestrutura e seus órgãos subordinados ouvindo as populações dos dois estados, através de audiências. Uma delas já foi realizada em Vilhena e outra será em Porto Velho, nesta sexta-feira. A partir daí, desencadeia-se uma série de medidas no sentido de se criar todas as condições para a privatização, com os leilões já programados para outubro, novembro e dezembro deste ano. Já estão definidos os locais e o preço máximo dos postos de pedágio. Eles serão implantados em Porto Velho, Alto Paraíso, Ariquemes, Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici, Pimenta Bueno e Vilhena. Em cada um desses postos, cada veículo vai pagar, no máximo, 13 reais e 30 centavos de pedágio. Todo o trajeto acabará custando 93 reais e 10 centavos e o trecho de ida e volta baterá nos 186 reais e 20 centavos. A BR 364 é de enorme importância para toda a região norte. É a única ligação por terra com o centro-oeste, o centro e o sul do país. Com uma extensão de 4.325 quilômetros, começando em São Paulo e passando por Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia e Acre, onde termina na pequena cidade de Mâncio Lima, a 364 é uma das mais extensas do país. Para se ter ideia da sua grandeza, nossa maior rodovia federal é a BR 116, que tem apenas 300 quilômetros a mais do que a nossa BR.
Além de toda a perspectiva de acelerar o transporte de mercadorias e ajudar no desenvolvimento dos Estados da nossa região, a duplicação da 364 representará um grande avanço na mais importante das questões: a diminuição acentuada em termos de vidas perdidas. Para se ter ideia da tragédia que a rodovia representa, em sua extensão de uma só pista, entre 2018 e 2021, ou seja, em apenas quatro anos, nada menos do que 300 pessoas morreram na nossa BR, a maioria em colisões frontais. Foram 75 óbitos por ano; mais de seis vítimas por mês. A duplicação vem sendo anunciada há praticamente 20 anos, mas nunca esteve tão perto de ser concretizada. Não há outro caminho, além da privatização. Esperemos que tudo ande agora com a maior rapidez possível, que toda a infernal burocracia característica do nosso país seja superada e que, enfim, em poucos anos, possamos ter uma rodovia duplicada, segura e com qualidade. É um sonho, até agora. Mas nunca esteve tão perto de se tornar realidade.
DAS OUTRAS RODOVIAS FEDERAIS, PARECE MENTIRA, MAS A MELHOR DELAS É A 319
Além da BR 364, Rondônia tem mais cinco estradas federais, a maioria delas em condições muito ruins de tráfego. A exceção, dentro do território rondoniense, é a BR 319, que até próximo à cidade amazonense de Humaitá é asfaltada e não está destruída, como no trecho do meio, onde ela se transforma num arremedo de rodovia, com grande parte da sua extensão em péssimas condições. A BR 425, que liga a 364 até Guajará Mirim não está tão ruim, embora, mesmo com eventuais melhorias, ainda fique muito longe de uma estrada que se poderia imaginar como próximo ao ideal. A 429, com mais de 300 quilômetros de extensão, liga Presidente Médici, Alvorada do Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques, na fronteira com a Bolívia. A rodovia tem trechos inacreditáveis de buracos, crateras e se torna extremamente perigoso andar nela. O deputado estadual Ismael Crispim é um dos que tem criticado duramente a falta de manutenção correta da rodovia. Iniciando em Vilhena e seguindo o trajeto da antiga RO 399, a BR 435 passa também por Colorado do Oeste, Cerejeiras, Pimenteiras e alcança a fronteira boliviana, além de dar acesso às cidades de Cabixi e Corumbiara. Ali também o motorista enfrenta, em vários trechos, muitas dificuldades para conseguir chegar ao seu destino. Já a BR 421, que liga Ariquemes a Guajará, passando por Buritis, Monte Negro, Campo Novo e Nova Mamoré, registra vários trechos com sérios problemas. No ano passado, o Dnit realizou obras de manutenção em 110 quilômetros, mas em breve
terá que fazer o mesmo trabalho novamente. Na verdade, muitas rodovias rondonienses são usadas pela teimosia dos motoristas e por não terem opção melhor para se locomoverem. Estamos muito longe de termos uma malha federal com um mínimo de qualidade.
Ainda sobre as rodovias federais rondonienses: a péssima qualidade de pelo menos duas delas, a 429 e a 421, foram tema de reunião em Brasília, quando o senador Marcos Rogério recebeu o deputado estadual Laerte Gomes. Nas redes sociais, o parlamentar, ex-presidente da ALE divulgou que procurou o senador rondoniense com a missão de pedir o apoio dele para que as duas rodovias, em condições muito ruins, sejam recuperadas pelo Dnit, o mais breve possível. Para Laerte, a BR 421, entre Monte Negro e Buritis, precisa ser urgentemente recuperada, “por estar intransitável”. A proximidade de Marcos Rogério com o Palácio do Planalto e também com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pode ajudar na empreitada. O senador prometeu todo o esforço no sentido de batalhar pela melhoria das rodovias no Estado. Marcos Rogério e Laerte, aliás, devem estar no mesmo palanque na eleição deste ano. O terceiro nome do trio que caminhará junto é o do candidato a Senador, Expedito Júnior. O acordo entre ambos foi fechado recentemente.